Fonte: Diário 25-01-2008
Vânia Fernandes falou da 'aventura' no concurso, reconheceu as injustiças do júri, está consciente das responsabilidades que assumiu e entendeu que "deviam haver mais iniciativas na Madeira para incentivar os jovens a cantar".
Durante o concurso pensou, alguma vez, em desistir?
Nunca. Foi uma boa experiência onde encontrei muito apoio, embora soubesse que o tinha da parte dos meus pais, mas não esperava ter tanto de pessoas desconhecidas.
O que representou para si a vitória na 'Operação Triunfo'?
O apoio imenso que referi mas também a grande responsabilidade por passar a ser um símbolo desse carinho das pessoas. E representa também um importante estímulo
Sentiu-se alguma vez injustiçada pelo júri?
Sobretudo quando cantei com a Rita. Porque disseram que estavam à espera que sobressaísse. Senti-me mal porque não estou na música para vencer à custa dos outros. E na semana seguinte, após ter cantado com a Jessica, mandaram a mesma boca. Fiquei desconfortável porque os membros do júri queriam que eu passasse por cima dos meus colegas e sou incapaz de fazer isso.
Seja como for a competição existe em qualquer actividade profissional...
Tenho essa noção. Mas, como disse, o meu objectivo quer na música quer na vida não é vencer à custa dos fracassos dos outros. Procuro e procurarei dar sempre o melhor evoluindo à custa do meu esforço.
O que mudou na sua vida e as pessoas, no continente, reconhecem-na?
Vêm ao meu encontro, dão-me os parabéns, pedem-me autógrafos e tenho recebido muitos telefonemas. Estas foram até agora as mudanças que aconteceram.
A vencedora da anterior edição da 'OT' representou Portugal no Festival da Eurovisão. Espera que a convidem?
Era uma grande honra e também uma enorme responsabilidade. Não estou a imaginar tal coisa, como também ainda não 'digeri' a vitória de sábado, vai aos poucos.
Uma das cláusulas do contrato é a gravação de um CD. Que géneros irá incluir, sabendo-se que tem preferências, nomeadamente, pelo fado e pelo jazz?
Não faço a mínima ideia do que a editora pensa fazer. Mas se o projecto partir de mim gostaria de fazer um cruzamento de sonoridades e, sobretudo, cantar em português.
Os estudos como estão? Vou continuar com as aulas privadas. E irei aconselhar-me com várias pessoas para perceber qual é a melhor escola porque, com uma bolsa destas é de aproveitar, já que de outra forma não podia sonhar tão alto.
Cumpriu o objectivo de ganhar a 'OT', mas o que ficou para trás na sua vida?
Não gosto de fazer planos por causa disso. Mas tenho tido a sorte de que as coisas tenham acontecido. Espero continuar assim aguardando pelas surpresas que a vida me reserva.
Disse que estava ansiosa para regressar à Madeira, mas não sabia como seria recebida. Essa expectativa mantém-se?
Sim. Estou porque não faço ideia do que se irá passar. Mas quero agradecer pessoalmente o apoio que tive e tenho saudades de cantar com os meus colegas e amigos aí na Madeira.
Como reagiu o Luís à sua vitória e também virá consigo à Madeira?
Ficou satisfeito e apoia-me bastante. Agora depende da disponibilidade dele, espero que possa passar aí o Carnaval e claro que também cante (risos).
Tem a ideia de que agora passou a ser uma referência para os jovens artistas madeirenses?
Tenho essa percepção e reconheço também que é uma grande responsabilidade representar essa camada de jovens cantores e músicos que, como eu, devem arriscar.
Que condições faltam na Madeira para que esses talentos artísticos se possam destacar? Penso que o 'Funchal a Cantar' devia reaparecer, como também outras iniciativas locais que incentivassem os jovens a cantar. Porque, na Madeira, há muitas e boas vozes como também excelentes músicos que esperam por uma oportunidade que não chega e depois perdem-se. Aliás se não fosse o 'Funchal a Cantar', possivelmente, eu não teria chegado até aqui.
Pensa cuidar da imagem na medida em que, na maioria dos casos, é mais importante do que a voz?
Para já não é prioridade. Embora tenha que pensar em emagrecer, para me sentir mais saudável. Mas a minha preocupação é o conteúdo, neste caso, a voz. E sei que há pessoas que dão valor a isso (pausa), se calhar cheguei até aqui porque os madeirenses e os outros apoiantes deram mais valor ao conteúdo do que à 'embalagem'